PORTUGAL (Parte II)

Como o Post Portugal já ia longo tive de criar um novo, já não lá conseguia gravar mais nada... Mas até calhou bem pois estes últimos pontos que publiquei não se centram em regiões específicas de Portugal mas mais em aventuras por terra, mar e ar...
Assim penso que este post ficará mais vocacionado para esse tipo de coisas do que regiões propriamente ditas... Os conteúdos que forem surgindo ditarão...




8. PORTUGAL VISTO DO CÉU

E que tal uma viagem pelo meu ar? Uma Ida e Volta de Lisboa ao Porto de Pitts? Podia eu recusar um convite destes do meu grande amigo Filipe?? Nunca! Mesmo com apenas umas 4 horas de sono, porque tinha estado numa festa com umas amigas lá fui eu... Fui ter com o Filipe a Tires de onde voámos às 11.25, apanhámos um pouco de turbulência mas parou depois do Cabo da Roca e lá fomos tranquilamente a aproveitar a vista.
Demorámos a chegar ao Porto (cerca de 1h) quase o que demorei a ir de casa a Tires... Após umas horas no Porto, em que tive a oportunidade de rever outro bom amigo, regressámos e nunca pensei querer que uma viagem do Porto a Lisboa durasse mais... Da viagem adorei em especial voar sobre a praia mas no fundo, no fundo adorei mesmo o passeio todo! Chegámos a Tires às 17.10. Foi um domingo tão bem passado!

Aqui vão algumas fotografias da viagem de ida:

Tires, Sintra, Cabo da Roca, Praia das Maçãs:







Lagoa de Óbidos, Nazaré, Peniche e Porto:








E algumas fotografias do regresso...



Ria de Aveiro, e Praias a Sul ( na 3ª fotografia aparece um planador que "perseguimos" acreditem que não foi fácil para o estômago andar ali às voltas... ehehe)








Uma das minhas partes favoritas da viagem!





Figueira da Foz, Nazaré, São Martinho, Caldas da Rainha e Praias a Norte do Cabo da Roca:







Cabo da Roca, Guincho, Cascais e Tires:







E o vídeo... O meu primeiro vídeo!! E sem ajudas... uma verdadeira auto-didacta! Estou tão orgulhosa, confesso! Está Liiiindo! Vá lá Alexandre, mega produtor, até tu tens de concordar!
Vá apertem os cintos e gozem a viagem!






10. VELEJANDO POR PORTUGAL: Aveiro-Lisboa no SMM



"Às 15 horas e 45 minutos de 10 de Maio de 1937 o Santa Maria Manuela entrava suavemente nas águas do Tejo em cerimónia presidida pelo Presidente da Republica de então, Marechal Carmona. Quinze minutos depois era a vez do Creoula. 75 anos depois os gémeos encontram-se para celebrar!" in  http://santamariamanuela.blogspot.pt/

O encontro dos gémeos deu-se em Lisboa e o SMM teve de vir ao encontro do seu irmão. Veio de Aveiro com cerca de 65 pessoas a bordo, incluindo a tripulação. Eu fui uma das passageiras. Adorei!

Tudo começou com o querido tio Pereira Gonçalves a falar ao pai na viagem e perguntar-lhe se eu não gostaria de ir com ele... Já não é novidade que gosto de aventuras e também não é novidade que gosto de barcos... pelo que para quem me conhece até não é de estranhar que eu tenha dito logo que sim!

Os preparativos para a viagem foram feitos em cima da hora, porque tinha estado fora de Lisboa antes da viagem, mas com a ajuda dos meus amigos Miguel e da Carolina, experts de vela, levei tudo o que precisava! É que esperava-se mau tempo pelo menos para o primeiro dia e tinha de ir mais preparada do que para um simples passeio...

A viagem começou com a ida de comboio para Aveiro, uma volta por ali e um belo jantar na Gafanha da Nazaré...



Depois do jantar dirigimo-nos já de noite ao SMM. Acreditem que parecia um sonho o barco que é lindo, à noite, iluminado é surreal. A primeira impressão foi... impressionante!  ehehe




A partida seria na manhã seguinte e apenas alguns passageiros, em especial os que vinham de mais longe, iam passar já essa noite a bordo. Os restantes embarcariam apenas na manhã seguinte. Assim havia pouca gente no barco que atracado na ria não mexia nem um bocadinho... A primeira noite foi, assim, muito tranquila num camarote fabuloso e hiper-confortável.

Tirei umas fotografias ao camarote que me foi destinado, o chamado "camarote do armador", (o armador para quem não saiba é o dono do barco) e, apesar de todo o barco estar impecavelmente remodelado, aquele era sem dúvida o mais bonito. Que sorte a minha!

Pois é o Santa Maria Manuela com 75 anos está melhor que novo!



No dia seguinte, tomámos o pequeno almoço numa sala multiusos e conhecemos já mais alguns dos passageiros e tripulação que nos ia acompanhar. 

Não me lembrei de tirar fotografias ao interior desculpem! Apenas tirei estas destas janelas que davam da sala multiusos para o deck. É agradável tomar o pequeno almoço numa sala acolhedora e com luz natural em especial vinda de umas janelas giríssimas.




Dali seguimos para o convés e vi o SMM de dia pela primeira vez. É mesmo bonito, até num dia mais feio!



O Navio de Treino de Mar “Santa Maria Manuela” é um navio histórico, um veleiro português, de 62 metros de comprimento e quatro mastros, um dos últimos sobreviventes da Frota Branca Portuguesa, que foi lançado às águas do Tejo em 1937 e participou nas famosas campanhas de pesca do bacalhau à linha até ao início dos anos 1990s.



Depois disso e até 2007 ficou no Porto de Aveiro e foi-se degradando, contudo as entidades locais conseguiram preservar o casco. Em 2007 a empresa Pascoal iniciou o longo e dispendioso processo de recuperação do SMM, que durou até 2010.

Hoje em dia o SMM é um navio muito bonito, extraordinariamente confortável que mantém os traços da sua história. 




Foi da doca da Pascoal, depois de uma recepção simpática por parte do armador e algumas pessoas da Pascoal que se nota terem um imenso carinho por este "filho", que partimos.




Antes de soltarmos amarras recebemos as boas vindas e ouvimos algumas explicações dadas pelo comandante e por alguns dos oficiais.




E com um dia a prometer emoção lá partimos,




Logo à saída da doca pudemos observar mais e perto um outro navio atracado ali ao lado, O  também famoso irmão mais novo Argus talvez à espera de uma recuperação semelhante... Porquê irmão mais novo? Porque o SMM foi lançado à água em 1937 pelo Estaleiro da Companhia União Fabril de Lisboa, por encomenda da Parceria Geral de Pescarias de Lisboa, e deveria ter sido baptizado como Argus, contudo ainda na carreira foi cedido à Empresa de Pesca de Viana do Castelo e tomou o seu actual nome de SMM, de qualquer forma o Argus foi construído na Holanda, no ano seguinte.




As águas inicialmente eram muito calmas porque estávamos na ria... e apesar do frio e da chuva deu para fotografias...




Mas à saída da barra é que começou a aventura. Não tirei fotografias porque tinha ido ao convés para ir vestir umas calças impermeáveis, tal era a agitação do mar... Eu sabia que o timing não era o melhor pois descer e subir escadarias, atravessar salas aquecidas e ainda vestir umas calças com aquele mar era mesmo do pior mas friorenta como sou preferi enfrentar o risco de enjoar, ao frio... E claro que enjoei e não foi pouco ehehe. Eu que não costumo enjoar fiquei enjoada até depois do almoço e só depois de um enjomim e uma pequena soneca é que fiquei 100% bem... Mas tive mais sorte que algumas pessoas que passaram quase todo esse dia enjoadas no convés. 

No fim deste post poderão ver umas fotografias que apareceram no Jornal Público e que mostram bem a intempérie (sou uma exagerada!)...




O SMM é hoje em dia um navio de turismo cultural de vocação marítima - ou seja um navio que pode ser fretado para eventos e organiza viagens turísticas mas também um navio de treino de mar. Assim o comandante deixou-nos à vontade para participarmos nas tarefas que quiséssemos. 

Apesar disso acho que ninguém se ofereceu para ajudar a içar as velas... função que a tripulação desempenhou impecavelmente e bem depressa até.




Mas nós falamos de enjoos e de içar velas  num navio que é uma autêntico conforto e que tem toda a tecnologia de apoio. Agora imaginem nos tempos passados como não seria aventurarem-se pelas águas gélidas e agitadas do atlântico norte sem conforto e sem facilidades...




E com as velas já todas içadas lá seguimos com o navio a ondular um pouco menos... 




Quem imaginaria agora que este lugre, agora espantoso, realizou dezenas de campanhas de pesca do bacalhau na Terra Nova e Gronelândia?




... Um lugre é um veleiro com três ou mais mastros, em que são utilizadas velas latinas quadrangulares.


A beleza do SMM na paz do alto-mar e já com o céu a clarear, é indescritível...




Quem diria agora o SMM já foi considerado obsoleto e que foi abatido por demolição em 1993 ao registo dos navios de pesca? 




Durante a viagem não pude deixar de invadir a ponte e observar tudo a pormenor. 

O “Santa Maria Manuela” pode viajar para qualquer parte do mundo pois não tem restrições de área de navegação. No nosso caso como o nosso objectivo era Lisboa, saímos em direcção a oeste para apanharmos vento e pudermos velejar mas ao fim do dia já estávamos a dirigirmo-nos de novo para a costa.




Confesso que perdi algum tempo a ver os barcos que andam por ali à volta, há um programa que mostra como se chamam, de onde vem e para onde vão, que tipo de barco são, quantos passageiros vão a bordo e dentro de quanto tempo se vão cruzar connosco... Mulheres! ehehe




Também aproveitei para estar ao leme. O SMM não precisa de ninguém ao leme pois tem instrumentos de navegação automáticos que guiam o navio, mas sempre que necessário desligam-se esses mecanismos e passa-se a navegar em manual. O comandante deixou-me experimentar navegar desta forma, e adorei. Confesso que não achei nada fácil em alto-mar com ondulação, vento, velas e tudo mais manter o rumo do barco mas teve graça e até nem fiz um mau trabalho ehehe... Não podia era tirar os olhos da bússola de 360º para poder ir fazendo os acertos...





Apesar de não ter tirado fotografias no convés à noite, podem ver no fim do post uma fotografia fantástica do fotografo Adriano Santana que tirei do Público...

Agora a segunda noite não foi de todo calma como a primeira. Acordei eram umas 3 ou 4 da manhã a balouçar à séria no beliche. Devíamos estar a passar as Berlengas... Tinha ficado no beliche de cima porque não me faz diferença e na altura não sabia se mais alguém que pudesse não gostar de alturas iria ficar no meu camarote e também porque no caso de ficar sozinha mais valia ficar no beliche que tinha a escotilha... eu gosto de acordar com a luz da manhã e não me importo da vista mesmo acima da linha de água que alguns podem achar assustadora com ondulação forte. Agora, acordar a meio da noite a balouçar completamente da direita para a esquerda a pensar quando é que ia parar ao chão (exagero) foi o suficiente para me despertar e não conseguir voltar a adormecer. Ainda estive para ir ao convés mas a preguiça foi mais forte e só queria dormir mais um bocado. Fui à sala multiusos servi-me de umas fatias de pão com manteiga e doce, tomei um comprimido para o enjoo só porque dá muito sono (não estava enjoada eheh) e dormi até de manhã... ehehe

Na manhã seguinte, tal como esperávamos, tivemos a sorte de usufruir de um belo dia de sol e de águas calmas e depois calmíssimas do Tejo.




Claro que tive de tirar mais umas 500 fotografias, agora ensolaradas, do fabuloso lugre.




Bem as fotografias não me deixam mentir e a verdade é que o dia começou meio enevoado e com algumas nuvens soltas mas rapidamente se tornou num belo dia de céu limpo e bastante calor...



Uma coisa é certa... o SMM é lindo tanto com chuva como com sol...







Mais umas fotografias... Eu neste dia não fiz leme mas como não sabia se ia arranjar as fotografias de quando fiz tirei uma com a minha máquina só para ficar de lembrança...



Até os cabos, gigantes, são bonitos...


Também tirei algumas fotografias à tripulação, todos uma simpatia... Ah! E por ver o cozinheiro lembrei-me agora... as refeições estavam bestiais. Um dos almoços foi um bacalhau divinal que ainda me deixa água na boca... e a sopa de peixe de chorar por mais!



Pelo caminho tivemos a sorte de nos cruzármos com a Sagres (segundo os entendidos porque para mim podia até ser a Super Bock - brincadeira - mas eu definitivamente não saberia identificar a Sagres em lugar nenhum...) Seja como for foi uma sensação muito gira este encontro.



Também nos cruzámos com o outras embarcações menos imponentes... 



Nesta parte da viagem íamos um pouco longe da margem e as fotografias não são muito claras até porque estava um pouco de humidade no ar... 




Mas a vista de Lisboa desde o Tejo sempre me encantou e sempre me encantará... em especial desde algumas melhorias que se têm feito à beira rio... mesmo sendo algumas das novas construções um bocado polémicas... 



 De qualquer forma à medida que íamos invadindo o Tejo o ar limpou e as margens aproximaram-se o que já permitiu tirar umas fotografias melhores... Nestas alturas tenho pena de não andar com uma máquina com um hiper-zoom...



As fotografias obrigatórias... Por acaso estou contente com esta viagem já tenho navegado pelo Tejo mas nunca tinha tirado fotografias,  assim fico feliz pois desta vez mal ou bem consegui ter algum registo do que é Lisboa vista do mar, no blog...



Outro dos pontos altos da travessia do Tejo foi a passagem sob a Ponte 25 de Abril... o comentário mais ouvido foi o de que os  mastros parecia que iam bater na ponte...




E logo ali depois de passarmos a ponte demos com um navio cruzeiro majestoso... Parecemos umas ervilhinhas ao lado daquele gigante... Acho que nunca tinha passado ao lado ou pelo menos tão perto de um navio destes dentro de água... é giro ter a percepção do cruzeiro desta óptica...



Eu sei que as fotografias deixam a desejar mas não se pode negar que Lisboa vista do rio tem um encanto enorme...



E acho esta zona da Baixa, do Terreiro do Paço e do Castelo particularmente incrível!


Confesso que a partir do Terreiro do Paço a cidade vista do rio foi uma novidade para mim... Já naveguei entre Cascais e o Terreiro do Paço por várias vezes mas nunca tinha seguindo pelo rio acima depois dali...Claro que adorei... Tive a sensação de ainda mais calma e tranquilidade dali para a frente... É tão bom ouvir o deslizar dos veleiros pelas águas...



E ali ao lado uma surpresa o tão falado Paquete Funchal de que todos já ouviram certamente falar... Infelizmente aparenta estar num estado lastimável ...



Depois da Graça passámos por uma zona mais industrial que faz lembrar os legos... Mas os contentores enquadram-se seguramente melhor aqui que junto a Alcântara...





E mais à frente começamos a avistar o Parque das Nações onde terminará a nossa viagem. Esta zona realmente é de uma paz e tranquilidade impressionantes em especial se estivermos no meio do rio.

O destino do SMM para estas comemorações era encontrar-se com o seu gémeo Creoula que já estava no cais para em conjunto comemorarem o seu 75.º aniversário.

À primeira vista os dois navios parecem quase iguais e é preciso algum conhecimento ou olhar atento para os identificar. O seu esqueleto é praticamente igual... Sabiam que o aço da construção, de grande qualidade com que foram feitos destinava-se originalmente a dois navios de guerra que, por diversas circunstâncias acabaram por se não construir?




 No interior os navios são bastante diferentes eu tirei algumas fotografias desde o cais para vos dar uma ideia... mas à parte de tudo os objectivos dos dois barcos são diferentes e isso transparece nos pormenores. O Santa Maria Manuela está preparado para eventos e para viagens turísticas tendo um grau de conforto que não se encontra no Creoula.

Além disso o Creoula é um navio escola que é gerido pela Marinha. Por isso enquanto no SMM os passageiros são convidados a participar nas tarefas, no Creoula não há opções para ninguém e todos têm de cumprir uma escala de serviço dividida em turnos de quatro horas, os famosos - quartos... Isto porque num navio tem de se estar 24h em alerta...




Antes da despedida uma fotografias de alguns dos passageiros... e dos que nos esperavam na Marina do Parque das Nações...



E a despedida final já do cais...





A notícia da viagem apareceu na Revista Fugas do jornal Público. O artigo foi escrito pela  Jornalista Maria José Santana e eu sou citada, imaginem...: "Foi interessante poder fazer leme. Verifiquei que o navio não é assim tão fácil de manobrar e manter o rumo", relata Patrícia Almeida Ferreira, outra das passageiras. "Também aproveitei para estar na ponte e conhecer os instrumentos de navegação", destaca esta aventureira que já andou por África e pela Ásia  a viajar sozinha." (versão que aparece na versão revista/escrita um pouco diferente da versão online).



Vale a pena lerem o artigo, está muito bem escrito e descreve bem a aventura. Podem ver toda a notícia que apareceu na versão online e ainda as fotografias de Adriano Santana em http://fugas.publico.pt/viagens/304859_de-aveiro-a-lisboa-como-se-fossemos-para-a-terra-nova?pagina=-1.

Copiei algumas para aqui:

O temporal... (exagero!)




E mais umas fotografias giras... 




Link útil: www.santamariamanuela.pt


Apesar de já estar publicado no outro post de Portugal, como aqui mais do que regiões falo de aventuras, se quiserem dêem uma vista de olhos ao Passeio de Bicicleta na Serra da Arrábida que está publicado no Post PORTUGAL (Parte I)


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